Ilustração: Klévisson Viana. |
Gênero literário
com profundas raízes na cultura popular, a literatura de cordel desenvolveu-se
no Nordeste do Brasil, celebrando a vida pastoril, recontando o drama do
cangaço, documentando as secas e outros flagelos da região, além de ser um rico
repositório da tradição oral brasileira, tributária de vários povos e culturas.
Não chegou, conforme se tem divulgado, com os portugueses em 1500, mas seu
embrião já estava nas primeiras caravelas comandadas por Pedro Álvares Cabral,
nos serões e leituras noturnas que privilegiavam a literatura fantástica das
novelas de cavalaria. Já no século XVII, havia um vasto documentário sobre a
gesta do gado em que o boi, e não o vaqueiro, figurava como protagonista.
Romances trágicos, mesclados aos romances sentimentais da tradição ibérica, e
as velhas histórias de trancoso, corriam abundantes na tradição oral, até que,
em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a consequente
instalação da imprensa régia, os livros do povo, em especial a monumental
História de Carlos Magno e dos Doze Pares de França, contribuíram para que se
estabelecesse um modelo de poesia popular único em todo o planeta. E isso se
deve em grande parte à iniciativa de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), poeta
paraibano que, mesmo sem ser o primeiro cordelista brasileiro, foi o modelo
principal de seus conterrâneos e de todos que o sucederam, sem superar-lhe o
talento.
Outros nomes de
relevo são José Camelo de Melo Resende, José Pacheco da Rocha e Manoel
D’Almeida Filho. Hoje espalhada pelo Brasil, depois de superar várias crises, a
literatura de cordel, embora ainda seja publicada em folhetos, também é
divulgada em livros infantis e juvenis e em antologias que frequentam muitas
estantes.
Marco Haurélio
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